MEU QUERIDO DEMÔNIO
Cabeça vazia, oficina do demônio. Bora caçar o que fazer, se ocupar é o melhor negócio!!! Mas, e quando me ocupo exatamente para fugir do "demônio" que eu preciso conhecer? Não fazer nada e só ficar horas a fio pensando, é um problema, mas fazer milhões de coisas ao mesmo tempo, sobrecarregar o meu dia, ficar exausta para não ter tempo nem disposição para pensar, também é, não?! O ponto é nunca fazer uma coisa para encobrir outra, se jogar em algo para fugir de outro, focar no que viu para abafar e silenciar o que não viu, mas sente e sabe que está lá, não é possível, uma hora o que é deixado no esquecimento retorna para cobrar o que lhe é devido, e isso costuma acontecer mais rápido do que imaginamos. Fingir que algo não existe nunca é a saída do labirinto. A rota ideal é o equilíbrio, pensar e agir na medida da necessidade, esse é o essencial para uma boa caminhada, discernir o momento de pensar, elaborar, viajar, voar, e o momento de voltar, ancorar, fazer e resolver. Fato é, não dá para viver fugindo de tudo e qualquer coisa que possa ser desagradável e dolorosa. Às vezes, é necessário sim parar, respirar fundo e encarar de frente nossos demônios, olhar bem dentro dos seus olhos, sem receios e medos, conversar de igual para igual, afinal, ele é parte de você, e descobrir a que veio, por que está ali, de que precisa e porque te atormenta tanto, a ponto de você perder seu precioso tempo inventando uma dimensão imaginária para fugir dele. O que há ali que tanto machuca, fere e magoa que não é possível conviver e esgotar? Perguntar e descobrir, por pior que seja a resposta, sempre será melhor que viver acorrentado pela ignorância, quando sabemos o tamanho do buraco, fazemos uma ideia do tamanho que deve ser o salto para sair dele. Quando conhecemos nossas profundezas mais sóbrias, apertamos as mãos da nossa sombra e descobrimos o que realmente acontece lá. Só nos livramos daquilo que esgotamos, e só esgotamos aquilo conhecemos profundamente, caso contrário, nos mantemos num looping, numa corrida de gato e rato, buscando soluções irreais e fabricadas, sob a pseudo proteção de uma bolha de ilusões hipotéticas que de nada servem para apaziguar a alma ou extirpar demônios. Paula Maria