PEGAR OU LARGAR?
Sabe quando tudo parece estar meio esquisito, amor, amigos, profissão, nada parece do jeito que já foi um dia... Quando tudo começa ficar... chatooooo, o que fazer? Correr, fugir e ir logo achar outra morada para ser feliz? Será? Será que nunca vai rolar uma felicidade genuína e prolongada? Será que tenho sempre que encontrar uma nova paixão para acender a paixão pela vida dentro de mim? Essa até pode ser uma opção, mas vira imposição quando não há outra saída, até podemos viver a vida pulando de galho em galho, aproveitando o momento, mesmo que ele dure pouco, é gostoso, divertido e fortalece os braços... Ir embora cada vez que se percebe que não há mais borboletas no estômago pode ser uma alternativa, mas só será boa se for realmente apenas uma das alternativas... Fato é, que uma hora ou outra, as coisas parecem meio chatas, meio mornas, meio coisaaaaas... E aí a dúvida chega e engole tudo à sua volta e coloca bem na nossa frente um letreiro luminoso dizendo: EI, VOCÊ AÍ! É, VOCÊ MESMO! VAI CONTINUAR SE CONFORMANDO QUE A VIDA É ASSIM MESMO, QUE UM DIA TUDO FICA MEIO BLÃ, ACEITAR E TOCAR EM FRENTE NA ENERGIAS DO "É ASSIM MESMO", OU VAI MEXER A BUZANFA, JOGAR TUDO PARA O ALTO, MANDAR ÀS FAVAS, SAIR CORRENDO E IR EM BUSCA DE NOVAS PAIXÕES? VIVER O MAIOR AMOR DA SUA VIDA, A MELHOR FASE PROFISSIONAL, A MELHOR VIAGEM, OS MELHORES AMIGOS, TUDO NA MAIS PLENA FUGACIDADE DE UM MOMENTO, ATÉ QUE, NUM DIA DESPRETENSIOSO, TUDO FICA CHATO CHATO DE NOVO? E ai? Ficar e aceitar os conformismos da vida ou ir viver um eterno recomeço? Tanto faz, ambas as opções podem ser expressão de liberdade de escolha ou a mais terrível prisão. O livre e o preso andam de mãos dadas e se apresentam sempre juntinhos... Qualquer uma das decisões poderá ser uma prisão mental ou liberdade real, a diferença está na possibilidade de escolha. Escolher é uma ação, ser escolhido é uma submissão à falta de escolha. E ai, fugir ou ficar? Mudar ou manter? Correr ou insistir? Olhando do lado de cá, para as minhas chatices cotidianas, e acreditem, são muitas, as catalogo diariamente com muito cuidado e carinho, e me pergunto: "Tá chato mesmo ou será que está diferente do que acredito ser o ideal?" "Tá chato mesmo ou será que acho chato porque não é nada do que achei que seria?" "Tá chato mesmo ou seria chato caso tudo fosse igualzinho à ideia da minha cachola?" "Tá chato ou estou criando um obstáculo, uma insatisfação (tenho tendência à criar coisas), para nunca estar bem e sempre ter um motivo para reclamar e seguir em frente, porque sem isso me estagno? "E as tais borboletas??? Será que elas estiveram lá um dia ou eu as fabriquei? E será mesmo que elas morreram todas ou eu que me acostumei com o tilintar de suas asas?" "Enfim, tá chato mesmo ou será que sou eu que estou chataaaa, vendo chatice em tudo?" Sem dúvida, qualquer das opções e decisões são viáveis, todas podem ser verdadeiras, tudo pode sim estar num marasmo tamanho, daqueles que não percebemos se fazemos parte dele ou se o estamos assistindo ao longe, mas tudo também pode estar bem, marcado pela tranquilidade da maturidade... Sim, um dia ela chega e traz calmaria ao turbilhão... O que vale antes da tomada desta ou daquela decisão, é olhar profundamente para si, perceber seus anseios e vontades, sacar o quanto você idealiza coisas e se prende à essa única expectativa, encaixotando o pode ser, na caixa apertada do "tem que ser"... Paula Maria