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GÊMEOS



O sucesso é bom demais.

Deve ser aproveitado, sentido, sorvido.

Bebido até a última gota. Esgotado!

Mas o fracasso... Ah! O fracasso...

Esse é o ventre fértil da criação, da reinvenção, da experimentação.

Ele te coloca de frente com teus fantasmas, teus medos mais insanos.

Ri, aponta o dedo na tua cara é diz: “Vai lá, é possível. Tenta!”

Meu fracasso é minha reconstrução diária, minha autoinovação.

Ele me nutri, me reconecta comigo mesma, com minhas ideias mais profundas, meu eixo. Com o meu novo.

De novo e de novo.

Sucesso é um perigo apaixonante, inebriante, embriagante... Fascinante!

É a mesmice boa que a gente quer manter para sempre.

É o aconchego quentinho.

A zona de conforto confortável, agradável e acalentadora.

É um doce afago que dá vontade que seja eterno.

Não busco o fracasso. Mas se ele chega, recebo-o de portas abertas, tapete vermelho, roupa nova, pompa e circunstância. Reverencio-o como um rei, afinal, ele merece.

Chega chegando, sem ser convidado, se instala e me desafia.

É minha renovação, é o encontrar mais de mim em mim mesma... mais e melhor.

Conheço um monte de gente que nunca se refez de sucesso.

“Sucessão” mesmo daqueles arrasadores.

Muita gente foi soterrada pelo seu.

Foi e nunca mais voltou.

O fracasso não, não se preocupe. Ele vem e passa.

E não adianta pedir que ele não fica.

Ele pode até voltar. Mas ficar ali, parado, te fazendo companhia, dando o ar da sua graça para sempre? Não, isso nunca. Jamais!!!

Mas, e eu? Eu???

Eu quero submergir sempre do bom e do ruim, do fracasso e do sucesso também, e bem.

Quero me manter a salvo, se é que é possível, de todo sucesso que vem e traz com ele o que eu sempre quis, me seduz, me vicia em estar em algo. Estacionar.

O fracasso é a possibilidade real de manter a minha sanidade, a valorização do ser e a clareza de que o estar passa, e passa rápido.

Paula Maria


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