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Há espaço para Desacelerar?



Em momentos de mudança, a gente acelera para se adaptar e desacelera

para colocar as coisas no lugar.


Na onda da aceleração, confesso que fiquei tentado a produzir demais. Levantei tudo o que poderia ser feito. No papel cabe tudo, então, me empolguei e sonhei alto, incrível! Mas pequei em acreditar que tudo era urgentíssimo e que deveria estar pronto para ontem. Na batida da produtividade, também fui pego pela ansiedade.


Claro que não funcionou. Elenquei o que era prioritário, o que já não foi fácil, porque, não sei para vocês, mas tenho a ilusão de que tudo o que tenho para fazer é prioritário. Então, colocada a cabeça no lugar e com um olhar mais realista, de quem se pergunta com frequência sobre “o que é importante?”, foquei no que importava.


Passei para o online o mais necessário e urgente e, para os planos seguintes, procurei alinhar a produção à minha capacidade de execução. E minha capacidade de execução está alinhada ao modo de vida que quero viver, então, obviamente, minha produtividade está aquém do que gostaria para o super homem que não sou, mas muito justa para o humano, com algumas dificuldades e lentidões, que sou.


Confesso que não é fácil. Admiro quem está em alta produtividade e fico tentado a fazer igual. Mas também entendo que ser produtivo é diferente de estar ocupado. Ser produtivo é fazer o que importa e gerar resultados significativos e de valor, para o trabalho e para a vida. E isso demanda tempo. Gosto de demandar tempo para aquilo que demora e que é importante.


Já estou em home office há alguns anos e, tanto no início com ainda hoje, o mais difícil é desapegar do estar ocupado. Estar ocupado em tarefas traz uma sensação de poder, de ser responsável por algo, de ser requisitado e necessário. Mas, levantando o que me importa, ao que quero dedicar o meu tempo, tenho demorado em cuidar da casa, cozinhar, lavar a louça e etc; assim como em brincar com o meu gato (que me agride se não o fizer também, então, vou por coação mesmo) e ser parceiro da minha parceira. Temos alguns intervalos no dia para trabalhar, enquanto não estamos juntos…


Claro, percebo que os momentos em que mais desejo me jogar numa produção alucinada de tarefas é quando ou tem um projeto novo realmente urgente para sair do papel, ou quando estou ansioso e com medo e quero correr atrás de algum tempo perdido, ou quando algo está pegando e quero me afogar em alguma coisa que me impeça de olhar para mim mesmo.


Na onda da aceleração e na tentação da produtividade, procurei perceber em qual desses “ous” eu estava. O mundo está em transformação (sempre, claro, mas bem evidente agora) e o que menos quero é, na ânsia de ser produtivo, acabar criando maneiras de continuar sendo o mesmo e fazendo o mesmo, desejando inconscientemente que tudo volte a ser como era antes, evitando conflitos e ignorando as chamadas de atenção para o que realmente importa, para o que verdadeiramente sou requisitado.


Querendo mais, acesse nosso vídeo “Há espaço para Desacelerar” na Penteadeira Mágica: https://www.youtube.com/watch?v=HG8X2D9I2ww



Bruno Vicente


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