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Como me Preocupar Menos?


Não sei vocês, mas tenho a tendência a sofrer duas vezes. Preocupado com o que pode acontecer no futuro, sofro antecipadamente e também quando acontece. É uma decisão diária me organizar internamente para não me deixar levar por preocupações e problemas que estão fora do meu alcance ou que não chegaram a acontecer ainda.


Vou explicar. O futuro é incerto e não temos controle sobre ele. Está sob a nossa governabilidade agir no agora e nos preparamos para o futuro, mas, fato é, apesar dos planejamento e preparações, tudo pode acontecer.


Acho que é isso que me preocupa, saber que não tenho controle, que o resultado que quero não está 100% garantido. E meu esforço é justamente fazer o possível e o impossível para que o futuro seja o mais próximo daquilo que desejo, ou, numa visão mais pessimista, o mais distante daquilo que fujo para não acontecer comigo.


Em tempos de crise, como este que estamos vivendo, há o risco de, por exemplo, perdermos nossos empregos e projetos. Disso eu tenho medo. E normal, é claro. Ainda bem que tenho medo, porque ele me deixa alerta e atento para responder e resolver os "perigos".


Até aqui, ter medo e ficar preocupado é aceitável, mas, o que pega, é quando a gente se preocupa demais. Preocupados com o pior, na loucura de não deixar acontecer o que mais temos medo, podemos cair em duas situações: (1) ficarmos paralisados e com dificuldade de agir, o famoso "senta e chora", esperançando por algo externo vir nos salvar, ou (2) entrarmos num movimento compulsivo de fazer de tudo um pouco, atirando pra todo o lado, nos pressionando a fazer cada vez mais e sobrecarregando, não apenas a nós, mas quem está por perto também, criando um inferno de tensões e estresse pra todo mundo.


Qualquer uma dessas opções são terríveis. Eu bem sei, pois já mergulhei gostoso nelas.


Neste sentido, não tenho receitas para "se preocupar menos", até porque, essa também é minha luta diária, mas posso compartilhar algumas reflexões.


Primeiro, para mim, a melhor forma de me preparar para o futuro (que já inclui o amanhã), é criar o meu conteúdo interno, quer dizer, elaborar o "punch" e a maturidade e o desapego necessários para saber lidar com as situações adversas que podem surgir e, assim, ter condições de me reinventar para sair delas, ter o jogo de cintura, me virar nos 30, entende?


Então, retomando o caso de desemprego ou de perder meus projetos (por mais que me previna), significa estar aberto e centrado para cortar meus custos, baixar o meu padrão de vida, negar a compra de algo que importa e que traz felicidade para a minha família, possivelmente contatar parceiros e fornecedores para renegociar acordos e pagamentos, talvez dever algumas contas, entre outros, e sem que isso me envergonhe ou me faça me sentir incompetente, mas que, mesmo nas situações mais difíceis, encontre motivação e paz para continuar.


Não estou falando que é fácil, óbvio, ninguém quer passar por essas e outras dificuldades. Mas também sei que, em momentos como esses, nosso pior inimigo é o desespero.


Quando levado pelo medo, parece que minhas opções se reduziram a acontecer exatamente o que mais temia. É como se minha vontade de ter razão e em criar motivos para estar preocupado e com medo, fosse maior que minha vontade de resolver.


Então, meu caminho é aceitar que sim, pode dar errado (ou sair diferente das minhas expectativas, porque, convenhamos, o que é “dar errado”?), mas saber também que vou dar meu jeito de sair dessa ou doutra situação. Provavelmente não será uma saída confortável, do jeitinho que gostaria que fosse e que resolva minha situação do dia pra noite, como num passe de mágica - não costuma ser assim -, mas sei que é possível recomeçar e que nenhum labirinto é eterno, que sempre há uma alternativa.


Sendo assim, minha principal busca está em - mais que pensar em estratégias e mitigar os riscos - saber lidar melhor comigo mesmo, tanto para melhor lidar com o que a vida pode me apresentar, como para melhor viver o presente, pois, com mais paz e tranquilidade, na medida do possível, consigo aproveitar o hoje e valorar o que tenho, tirando do meu dia aquilo que ele me apresenta de melhor, sem criar falsas ilusões ou tentando romantizar o cotidiano, mas sabendo que há prazer e felicidade nas pequenas coisas do dia a dia, como brincar com meu gato, fazer minha comida, estar com minha parceira, ligar prum amigo ou familiar, limpar a casa, enfim (lembrando que, quem disse que essas são pequenas coisas, né?).


Nem todos os dias são assim, confesso, mas me esforço para que sejam a maioria deles.


Fico bem feliz quando consigo sentir o sabor e ver a beleza das coisas mais simples. Fico feliz quando, mesmo não tendo tudo o que quero, consigo dar o devido valor ao que tenho, aproveitando o que existe e sentindo vontade e leveza para continuar caminhando e aproveitando o caminho, menos cego pelo resultado, menos inconformado com o que não tenho e menos preocupado com o que pode acontecer.



Bruno Vicente


Para mais conteúdo e reflexões, acesse o vídeo “Como me Preocupar Menos?” na Penteadeira Mágica: https://www.youtube.com/watch?v=_rJJjWTuoEQ


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