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E O FUTURO, PAULA MARIA?


O Futuro?

A Deus pertence!!!


Foi-se o tempo em que essa expressão tinha passe livre pra ser utilizada sem culpa. Atualmente, o futuro é a maior preocupação do ser humano, ou melhor, o controle dele é a maior preocupação do ser humano.


Desenhar, projetar, alinhar, esquematizar, estas são as palavras de ordem do momento quando nos referimos ao futuro. Tudo deve ser minuciosamente pensado e manejado para assegurar a satisfação das minhas expectativas e, assim, afastar o fantasma assustador da frustração.


Tudo deve se adequar perfeitamente ao que minha cabeça pensou, a governabilidade do futuro nunca esteve tão ao alcance das nossas mãos, certo?


Errado! O futuro continua sendo futuro. O que acontece é que acreditamos numa falsa impressão de controle que criamos apenas para acalentar nossas mentes e nos defender do medo da frustração.


É mais confortável pra gente acreditar determos o controle do amanhã, assim, eu não só acalmo minha mente, mas também justifico a minha postura atual. Consigo, por exemplo, justificar a minha ausência na família por estar trabalhando muito, buscando obter mais dinheiro e, então, alcançar um futuro mais confortável para essa família que eu nunca vejo, mas que me preocupo tanto com ela, que me ausento para garantir o seu futuro.


Um pouco contraditório, né?! Se partirmos do princípio que se algo é importante pra mim, eu cuido de perto, afinal, quem ama cuida, já dizia o poeta. Mas me parece que cuidado atualmente se traduz pelo ter e não mais exatamente pelo ser e estar.


Quando tentamos manipular o tempo, prever e fotoprogramar o futuro que ainda não existe, exatamente porque é futuro, limitamos as possibilidades, pois enxergamos para o futuro apenas o que conseguimos pensar agora, o que nossa cabeça alcança neste momento, descartando qualquer outra possibilidade que possa nascer através das vivências que experimentaremos até o tal futuro chegar.


Criamos um mecanismo de necessidade de controlar e projetar tudo. Logo, não há novidade, tudo é esperado e daquele jeito específico, afinal, fui eu quem projetei, perde-se o frisson da surpresa.


Mas o pior mesmo é que desencadeamos um ciclo de ansiedade, estamos aqui agora, porém, nos ocupamos do momento seguinte que ainda não chegou, e nem sabemos se chegará um dia e, por conta disso, deixamos de viver o agora, o que está acontecendo aqui neste exato momento.


A busca pelo controle do futuro, para satisfazer todas as expectativas e assim afastar a frustração, nos afasta também de viver a única possibilidade de existência que temos, o Presente. Na corrida pelo desenhar o melhor para o amanhã, deixamos de viver o hoje, perdemos a oportunidade concreta, perseguindo algo que é apenas uma possibilidade, e que pode nunca chegar. Ignoramos o que temos, seduzidos pelo que poderemos ter.


O futuro é apenas uma projeção, que pode chegar ou não. Lembre-se que o futuro é a somatória do esgotamento de vários “agoras”, se eu não estou vivendo os meus “agoras”, como conseguirei projetar o futuro, já que ele é fruto também do que eu faço agora?


Olhar para o futuro é válido e você deve sim ter clareza de onde gostaria de estar daqui a 5 anos e começar agora mesmo a se preparar para que em 5 anos esteja apto a ser quem você quer se tornar. Projetar é importante e deve ser feito, mas olhar só para o futuro, estar lá na frente sem apreciar a paisagem do presente é estar em constante ansiedade. O futuro é importante, mas quando ele desvia totalmente o seu olhar do agora, ele deixa de ser saudável e proveitoso para se transformar num tormento chamado ansiedade...


Paula Maria

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